quarta-feira, fevereiro 15, 2023

UM NOVO BLOCO?

Desde ontem que tenho lido e ouvido muitos analistas a prognosticarem, quanto a mim de forma precipitada, o fim do Bloco.
Mesmo sabendo que a “moda” do voto no Bloco e nas suas causas fracturantes já passou, não seria tão taxativo no seu enterro. É que continua a haver espaço na política portuguesa para um partido de esquerda, assente nos jovens e na classe média, com predominância urbana, em alternativa ao PS, e contrastante com um partido “ainda” dirigido aos operários e agricultores, como é e sempre foi o PCP.
Não nos esqueçamos também que o Bloco, tal como o CDS à direita, sempre foi um partido de excelentes quadros e com registo de bons desempenhos parlamentares.
E não, o Bloco não é o tal partido de extrema-esquerda que muitos apregoam, mas sim um partido assente num espaço ideológico muito próximo do PS. A extrema-esquerda é e sempre foi representada em Portugal pelo PCP, beneficiando este, desde sempre, de uma estranha benevolência, mesmo defendendo ideologias caducas e anacrónicas.
Por outro lado, sendo o eleitorado extremamente volátil, e sabendo que PS e até IL roubaram votos ao Bloco, o tal eleitorado que vai do Lux ao Bairro Alto, bastará  haver um governo mais à direita, ou um desmoronamento socialista, para que os muchachos de Mortágua colham frutos eleitorais no descontentamento dos portugueses.
Veremos é se Mariana Mortágua conseguirá ser próxima das pessoas e afável com quem a aborda na rua, tal como Catarina Martins o conseguia. Mesmo que Mortágua seja técnica e academicamente mais bem apetrechada.
Teremos seguramente nos próximos tempos um Bloco mais aguerrido, contestatário e panfletário.