terça-feira, janeiro 26, 2021

QUO VADIS, PSD?

"O PSD terá agora que fazer contas e perceber que sem coligações com o Chega poderá perder algumas câmaras ou não ganhar outras que desejava" - Miguel Morgado, deputado do PSD.

Nada disto me surpreende, até porque já esperava que alguns militantes do PSD estivessem dispostos a vender a alma ao diabo. 
Sobretudo um indivíduo que há uns tempos dizia: “não me defino ideologicamente porque a ideologia é uma patologia”. 
Uma pessoa que se borrifa para ideologias é alguém perfeitamente capaz de colocar na gaveta os valores humanistas e sociais democratas pelos quais o partido sempre se regeu. Sendo assim, estamos conversados. E sobretudo esclarecidos sobre o que aí pode vir.
É que se querem matar e enterrar um partido histórico, com um papel relevante na defesa da nossa democracia, diria que estão no bom caminho. Com Rio com a pá na mão, no papel de coveiro!

segunda-feira, janeiro 25, 2021

AS ORIGENS DO TOTALITARISMO

Estando nós em confinamento, e a propósito da actualidade, recomendo um livro com o qual me “cruzei” pela primeira vez há muitos anos.
As Origens do Totalitarismo, de Hannah Arendt, filósofa alemã com origens judaicas - e que viveu sob o terror do nazismo - é uma obra brilhante, escrita após a segunda guerra mundial.
É absolutamente aterradora e arrebatante a modernidade deste livro. Arendt já há setenta anos desmontava a banalidade do mal, o fenómeno de alienação das massas e as raízes através das quais sempre se alimentaram os regimes totalitários e os seus discípulos.
Tenho a versão inglesa, mas creio que também há uma versão publicada em português.
Um livro que deveria ser presença obrigatória nos currículos escolares das novas gerações, quanto mais não seja, para lhes “abrir a pestana” em relação a falsos profetas e ao perigo real de certas ideologias.



FASCISMO

Basta fazermos uma breve viagem pelo tempo para facilmente constatarmos que os movimentos de extrema-direita apenas têm florescido quando existe uma crise económica ou se verifica a falência de uma sociedade de valores.
São autênticos parasitas que se limitam a cavalgar a onda do descontentamento dos seus concidadãos. 
Foi assim com Hitler, na Alemanha dos anos 30. Foi assim com Franco em Espanha, nos anos 40. Foi assim com Mussolini, na Itália dos anos 20. Será sempre assim.

O DRAMA DA DIREITA

Apesar do terceiro lugar do “coiso”, estes resultados deixam-se apreensivo.
Haverá claramente, a partir de agora, uma redefinição do sistema político nacional, com uma dramática reconfiguração à direita.
O CDS, partido moderado, assente numa matriz democrata-cristã, ao qual devemos um agradecimento por ter absorvido nestas últimas décadas de democracia o eleitorado conservador e saudosista, agora quase desaparece. Em paralelo, emerge sobretudo a extrema-direita trauliteira e caceteira, e ainda a direita liberal. Esta, um mal menor.
Enquanto social democrata e militante do PSD, não rejubilo nada com estes resultados. Pelo contrário. Fico muito preocupado. Muito mesmo.
É que todo e qualquer cenário alternativo de possíveis coligações governamentais no espaço de centro-direita será, a partir de hoje, e no mínimo, dramático.

PPC

Após este abalo telúrico sentido no hemisfério direito da política nacional, começo a ter sérias dúvidas se Rio será a solução. 
Não só porque está demasiado encostado a Costa, em incompreensível hibernação, mas porque também não lhe descortino capacidade política para aglutinar a direita e o centro-direita.
Neste momento só me ocorre mesmo um nome capaz de arregimentar o espaço à direita do PS, reposicionando o PSD, mobilizando o centro-direita, a direita liberal e a democracia-cristã, e “domando” ainda os laivos extremistas do Ventura. Um actor político que por acaso até derrotou Costa nas legislativas de 2015. E que pagou a penosa factura da bancarrota deixada pela incompetência socrática.
Duvido é que o próprio esteja interessado, seguramente preferindo antes resguardar-se para uma futura candidatura presidencial.



domingo, janeiro 24, 2021

PRESIDENCIAIS 2021

Hoje é dia de eleições, celebra-se uma vez mais a democracia. 
O direito ao voto é demasiado valioso, algo que as gerações dos meus pais e e avós bem sabem. Durante muitos anos foram privados do mesmo.
Sendo também dia de Presidenciais, não posso deixar de me recordar dos dois homens que mais me marcaram nesse cargo. Nos últimos 47 anos.
O general Ramalho Eanes, no qual infelizmente não pude votar. Ainda não tinha idade. Foi, para mim, um pilar de integridade e ética, e ainda um bastião do sentido democrático que se impunha ser consolidado no nosso país.
A Jorge Sampaio já pude dar o meu voto. Não me desiludiu, mesmo não sendo da minha família política. 
Apoiou o risco empresarial, incentivou a inovação e modernização das nossas empresas, e não deixou de alertar para os desafios da globalização. Procurou salvaguardar políticas externas, de defesa e de justiça. Despediu o governo de Santana Lopes. Mas infelizmente abriu a porta a José Sócrates. Único senão.
Mesmo sabendo que a nossa democracia está doente, hoje farei questão de votar. Porque abdicar desse exercício de cidadania será renunciar a salvá-la. Sobretudo quando tantos perigos espreitam.