sexta-feira, maio 11, 2007

FUNDAMENTALISMO LIBERAL

Andam por aí alguns desatentos mal-intencionados constantemente a zurzir num Estado que, segundo eles, lhes impõe a escola, o hospital, o tribunal e a segurança social.
Pois, esses senhores não concebem que um Estado assente nos valores da social-democracia possa garantir a todo e qualquer cidadão, saúde, educação, justiça e segurança social, independentemente da sua religião, sexo ou estatuto social. Mas um estado social-democrata é isso mesmo. Confundi-lo com paternalismo é pura estupidez.
A social-democracia garante o acesso aos serviços básicos essenciais de que qualquer cidadão possa necessitar, num quadro de economia de mercado, onde se apoia e incentiva a iniciativa privada, desenvolvendo indirectamente oportunidades de emprego, numa lógica que está longe de ser imobilista ou conformista já que persegue uma transformação progressiva da sociedade através de reformas.
Obviamente que um cidadão ou família com melhores e maiores recursos económicos tem total liberdade de optar por uma escola privada - a que quiser -, por um hospital ou clínica privados - os que quiser - ou por um complemento de reforma gerido pela instituição financeira privada que quiser. A isso ninguém se oporá.
O que alguns senhores pelos vistos não aceitam é que o Estado garanta a TODOS os mesmos direitos mínimos de apoio, porque pelos vistos segundo as suas crenças liberais seria bem mais interessante vivermos numa sociedade onde só os mais ricos tivessem acesso a saúde, justiça e educação, ao passo que os mais desfavorecidos seriam deixados à sua sorte, sem qualquer rede ou protecção social. Ou então, em alternativa, haveria sempre a possibilidade de serem alvo da complacente caridade beata dos mais abastados, numa lógica de conveniente expiação de pecados por parte destes. Quiçá, a política social da "mão estendida", tão do agrado dos saudosistas de outros tempos.
Sendo esse o tal modelo de organização de sociedade que os apóstolos do liberalismo ambicionam para o nosso país, faço votos para que fiquem na oposição ou no seu cantinho durante muitos anos, lendo alegremente as cartilhas de Hayek, Friedman ou mesmo de João Carlos Espada.