POBRES DE ESPÍRITO... E MAL AGRADECIDOS!
José Sócrates está de parabéns porque afirmou na Cimeira Informal de Lisboa a sua capacidade diplomática e negocial, a sua persistência e empenhamento no ideal europeu, e também porque no próximo dia 13 de Dezembro - no Mosteiro dos Jerónimos - vai ficar na história da Europa como aquele que era o Presidente do Conselho Europeu no momento da assinatura de um tratado absolutamente determinante para o futuro da Europa.
Perante um cenário de cisão e de desagregação do espírito de projecto europeu, ao qual o Tratado de Roma havia dado corpo, José Sócrates, competentemente coadjuvado por Luís Amado e Manuel Lobo Antunes, conseguiu com exemplar mestria jogar em vários tabuleiros e conciliar vontades aparentemente divergentes, sobretudo de polacos, italianos, alemães, ingleses e franceses.
Por muito que os habituais arautos da desgraça venham agora anunciar um futuro catastrófico - nada de original neles - a verdade é que a Europa volta ao rumo certo e afirma-se como um bloco consistente, económica, política e socialmente, numa fase em que tal se torna imperioso, fruto do gradual alargamento a novos estados-membros.
Acho particular piada aos argumentos aduzidos por alguns daqueles que afirmam que Portugal perderá peso na "nova" Europa e que a presidência europeia apenas caberá às grandes potências, esvaziando-se a nossa autonomia; nesse caso apetece-me perguntar-lhes: e qual seria a sua opinião se a Europa viesse a ser "presidida" por um maltês ou por um lituano?
É absolutamente bacoco estar constantemente a aludir ao fantasma do papão da Europa dos "Grandes" como credor de Portugal, porque há vinte e um anos que se teima nessa lengalenga, e a verdade é que se houve algum desenvolvimento social e "disciplina" económica no nosso país, talvez deve-se sobretudo à nossa integração na Europa e à subsequente recuperação do atraso que Salazar nos legou.
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