sábado, setembro 09, 2006

IMPRESSIONANTE!

Estudo: Mulher em estado vegetativo revela sinais consciência

Uma mulher em estado vegetativo respondeu a ordens dos médicos e até imaginou que jogava ténis, segundo imagens recolhidas do seu cérebro e publicadas esta sexta-feira na revista científica norte-americana Science.
O estado vegetativo, que designa casos de pacientes que «saem do coma e parecem estar despertos mas sem mostrar sinais de consciência», é um dos «menos compreendidos e mais eticamente preocupantes na medicina moderna», revelou Adrian Owen, da Universidade de Cambridge (Reino Unido).

A mulher, cuja identidade não se dá a conhecer no artigo, tem 23 anos e sofreu lesões cerebrais graves como resultado de um acidente de viação, tendo ao fim de cinco meses sido determinado que se encontrava em estado vegetativo.

Com o objectivo de medir as suas reacções neurológicas e o seu grau de consciência, os cientistas do Conselho de Investigações Médicas da Universidade de Cambridge e do Departamento de Neurologia da Universidade de Liège (Bélgica) recorreram a imagens por ressonância magnética (MRI) funcional.

Para determinar as diferenças, um grupo de 34 voluntários foi igualmente ligado a estes aparelhos e submetidos aos mesmos testes.

Nesta experiência, os médicos pediram à paciente que imaginasse que estava a disputar uma partida de ténis e depois que percorresse todas as divisões da sua casa, começando pela porta de entrada.

Nos momentos em que lhe foi pedido para jogar ténis, a zona motriz do seu cérebro revelou um alto nível de actividade.

Em contrapartida, quando se lhe solicitou que percorresse a casa, essa actividade foi observada noutro sector do seu cérebro.

Mas o mais importante, segundo o artigo, é que «as suas reacções neurológicas foram totalmente iguais às observadas nos voluntários».

As respostas nas diversas zonas do cérebro da paciente em estado vegetativo «foram impossíveis de distinguir das observadas nos voluntários saudáveis», acrescentam os investigadores.

Segundo os cientistas, «estes resultados confirmam que, apesar de cumprir os critérios clínicos de um estado vegetativo, esta paciente manteve a sua capacidade de compreender ordens e de lhes responder através da sua actividade cerebral, embora sem manifestações de voz ou de movimento».

Além disso, «a sua decisão de cooperar com os autores do estudo, imaginando tarefas específicas quando lho pediram, representa uma intenção clara que confirma, sem qualquer dúvida, que estava consciente de si mesma e do que a rodeava».

Este trabalho poderá abrir as portas a novos estudos de imagens cerebrais em pacientes em coma ou em estado vegetativo, afirma num comentário o neurologista de investigação médica Lionel Naccache, sublinhando que não se deve generalizar a partir de um caso único.


Diário Digital / Lusa